Coordenadores:
Isla Antonello (PPGCIS/PUC-Rio) e
Marcos Millner (PPGCIS/PUC-Rio)
Debatedores:
Roberto DaMatta (PPGCIS -PUC)
Valter Sinder (PPGCIS -PUC)
Ementa:
Associar produção cultural com as ciências sociais significa assumir como objeto os personagens, cenários e enredos, entendendo que, compostos em momento específico, os respectivos elementos revelam a partir da ficção muito sobre a realidade sócio-cultural do grupo retratado.
A produção cultural ocidental normalmente centraliza o indivíduo no drama, relegando o coletivo muitas vezes à função de cenário, de contexto. No caso em especial, valoriza-se a narrativa em detrimento da busca por regras gerais e parâmetros sociais normalmente procurados pela etnografia tradicional; o texto literário faz a sociedade falar por meio de suas expressões, de dúvidas, de anseios, de forma subjetiva. A literatura não é uma fonte clara como a fotografia, não é límpida como um espelho, mas é justamente a ausência da transparência que pode revelar ao cientista social interessado um ponto que talvez não fosse encontrado em uma etnografia tradicional ou em um clássico da teoria social. No mais, as ciências sociais e a produção cultural como um todo surgem a partir de uma mesma ânsia: a necessidade de interpretar e de explicitar, de narrar, de traduzir o que está ao redor em palavras, de reparar no entorno e transformá-lo em algo inteligível, capaz de enriquecer e deslumbrar um eventual leitor. Cientistas sociais, literatos, ficcionistas, poetas e afins constituem, todos, um grande conjunto de intérpretes. Como desconsiderar, enfim, nas ciências sociais, o espaço que os romances, quadrinhos, cordéis, fanzines, poesias, séries, filmes e afins ocupam na contemporaneidade e as influências que exercem mesmo no comportamento de seus produtores e apreciadores? Como desconsiderar tais elementos ao observamos a nossa própria realidade? Ou a realidade dos outros? A proposta deste Grupo de Trabalho, portanto, é reunir pesquisadores interessados na literatura e produção cultural por um viés sociológico, considerando-as não como simples entretenimento, mas como uma fonte importante de informações sobre aquela realidade.
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