Coordenadores:
Henrique Restier (IESP/UERJ)
Luane Bento (PPGCIS/PUC-Rio) e
Joyce Gonçalves (PPGCIS/PUC-Rio)
Debatedor:
Prof. Dr. Diogo Marçal Cirqueira (UFF)
Ementa:
O GT busca compreender, como e em que medida homens negros e mulheres negras apreendem os discursos hegemônicos sobre raça e gênero e produzem estratégias de provação, contestação e ressignificação de estereótipos e mitos sobre si, visando a alterar sua condição subalternizada nessa dinâmica. Se por um lado, uma série de representações negativas se vincula a eles, por outro, existe um rechaço a esses rótulos, tensionando e se contrapondo a esses clichês de diversas formas, muitas delas inusitadas.
Desse modo, nossa proposta visa discutir as novas estratégias tomadas pelos grupos negros para autoafirmarem sua existência através do corpo nos diversos espaços sociais: família, escola, universidades, instituições de pesquisa, religião, redes virtuais dentre outros lugares de sociabilidade. Numa sociedade marcadamente racista como a brasileira onde se atrela o corpo e pessoa negra a todos os tipos de estigmas e discriminações (GOMES, 2006) compreender os meios pelos quais indivíduos negros procuram outras possibilidades de interpretação sobre si é fundamental para entendermos o debate das relações raciais, a diversidade cultural e o combate às discriminações raciais históricas. São essas configurações, embates e mobilizações as esperadas nas contribuições propostas.
Este GT se insere na intersecção entre gênero e relações raciais, juntamente ao estabelecimento de uma relação entre as construções das corporeidades e as implicações em sua estética. Quando relacionamos as categorias corpo, gênero e sexualidade, buscamos nesta
oportunidade abordar masculinidades, feminilidades e a construção de corpos que se imponham contra a lógica hegemônica. O levantamento bibliográfico indica um amplo campo investigativo ainda a ser explorado sobre as masculinidades negras, suas construções e especificidades, principalmente no Brasil. Usualmente, as abordagens que relacionam as categorias de raça e gênero recaem sobre o feminino negro, e ainda assim, versando nas mais diversas categorias, a corporeidade negra, em sua complexidade, não esteja em seu escopo. Buscamos assim construir um grupo de trabalho que discuta a relação entre corpos, sexualidades e estéticas, como movimentos afirmativos, nos quais a realidade do corpo negro, em sua multiplicidade, esteja em abordagem positivada, contribuindo para a discussão sobre os corpos negros diaspóricos brasileiros.
Dessa forma, o GT se justifica por comprometer-se com uma reflexão sobre masculinidades e feminilidades negras nas expressões da corporeidade negra brasileira em sua multiplicidade e especificidade, o que contribui para o entendimento sobre o modelo de relações raciais no Brasil.
Caráter dos trabalhos que se espera para a discussão:
A intenção é convocar trabalhos que se debrucem sobre as construções do ser homem negro e do ser mulher negra, abarcando não só suas particularidades, no que tange os efeitos e estratégias de luta contra o racismo e o sexismo, mas ao mesmo tempo, a articulação dessas experiências conjuntas na diáspora afro-brasileira. Ademais, a seleção de pesquisas que tragam dados sobre expectativa de vida, acesso ao sistema de saúde e previdência social, informações sobre saúde sexual e reprodutiva, ingresso no sistema educacional e proficiência, indicadores sobre vitimização, acesso à justiça, dentre outras referências, poderão servir de base para futuras propostas de políticas de promoção da igualdade racial focadas nas demandas específicas de homens e mulheres negras no Brasil. Dessa maneira espera-se um debate rico com contribuições de ambos os lados.
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